Alguns pais de adolescentes estão com a sensação de que a adolescência do filho está muito mais longa do que foi a sua própria adolescência. Pesquisas confirmam essa sensação. A adolescência agora é um período muito mais longo do que era nas gerações anteriores.
Segundo o psicólogo e pesquisador Laurence Steinberg, a adolescência mudou desde que a maioria dos pais de hoje eram adolescentes.
Antes, limitada ao período dos 13 aos 18 anos (05 anos de duração aproximadamente), a adolescência agora começa aos 10 anos e se estende até os 24 anos (14 anos de duração aproximadamente).
Esse prolongamento para além dos 18 anos, acontece porque os indivíduos permanecem financeiramente dependentes de seus pais por muito mais tempo. Mas o que explica o início cada vez mais cedo?
Por que a adolescência está começando mais cedo?
Os cientistas acreditam que o tempo da puberdade é determinada por uma mistura de influências genéticas e ambientais.
Entre essas influências estão (pasmem) a quantidade de gordura corporal e o tempo de exposição à luz. Duas crianças com a mesma predisposição genética vai começar a puberdade mais cedo ou mais tarde dependendo da sua quantidade de células de gordura e da sua exposição à luz. Quanto maior for a quantidade de células de gordura e a exposição à luz, maior as chances de puberdade precoce.
Isso acontece porque a produção, em maior ou menor número de um determinado hormônio, interfere na produção de outros. As crianças obesas produzem muito mais leptina, o que estimula a produção de hormônios sexuais. Quando expostas à luz, produzem menos melatonina, hormônio que, entre outras coisas, inibe a produção de hormônios sexuais.
Um outro fator que, segundo os cientistas, acelera o inicio da puberdade, são os chamados disruptores endócrinos – produtos químicos que interferem no funcionamento hormonal normal do nosso corpo. Eles influenciam o tempo da puberdade, alterando a produção e os efeitos dos hormônios sexuais. São encontrados em plásticos, pesticidas, produtos para cabelo entre muitos outros.
Um alto nível de insulina também pode acelerar a produção de hormônios sexuais. E, finalmente, outro causador de puberdade precoce é o estresse familiar. Estudos comprovam que a puberdade começa mais cedo entre crianças que crescem em famílias em que há mais conflitos.
Segundo Steinberg, em grandes doses, hormônios do estresse, como cortisol interferem no desenvolvimento normal das crianças. Naquelas expostas ao estresse crônico, muitas vezes, o início da puberdade é adiado. Mas, em pequenas doses, como o estresse que resulta de brigas constantes com os pais, esses hormônios estimulam o início da puberdade.
Alguns pesquisadores acreditam ainda que a exposição frequente a homens sexualmente maduros (namorados de suas mães) pode estimular a puberdade em meninas. Isso porque, segundo eles, o desenvolvimento sexual feminino em particular, é altamente sensível aos feromônios.
O fato da puberdade precoce estar relacionada a obesidade, exposição à luz, disruptores endócrinos e estresse familiar, sugere que a idade média de início da puberdade pode continuar a diminuir, uma vez que não há sinais de que essas forças possam acabar.
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Este post foi inspirado no livro: