Há um momento certo para falar sobre sexo e sexualidade com os filhos? Como fazer isso? E quando os pais travam e não conseguem ter “a conversa” com os filhos?
Não existe um momento certo para falar com os filhos sobre sexo e sexualidade, o ideal é que essa conversa ocorra ao longo do crescimento dos filhos. Quando surge a curiosidade, é o melhor momento para iniciar uma conversa sempre usando palavras de acordo com a idade da criança.
Mas, se tem um período em que essa conversa não pode deixar de acontecer, é durante a adolescência. Essa é uma fase marcada pela experimentação e pela impulsividade. É um período em que adolescentes exploram mais intensamente sua identidade sexual e de gênero.
Essa busca por experimentação, aliada à impulsividade, podem levar a uma maior exposição às violências e aos comportamentos de riscos, o que pode levar às Infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e a uma gravidez não desejada. Frequentemente, problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade, aparecem pela primeira vez durante a adolescência.
Como mãe ou pai de um adolescente a melhor coisa que você pode fazer para ajudá-los a tomar decisões mais conscientes e responsáveis sobre sexo, é estar disponível e aberta para falar sobre sexo e sexualidade com eles.
O problema é que alguns pais têm muita dificuldade em falar sobre sexo com os filhos. Só de pensar, dá frio na espinha e vão adiando indefinidamente algo que é tão importante.
Abaixo, algumas sugestões de como transformar a conversa sobre sexo o menos constrangedora possível para pais e filhos:
1- Informe-se a respeito de sexo e sexualidade
Antes de iniciar uma conversa, você precisa se certificar de que está bem-informada a respeito de sexo e sexualidade, principalmente na adolescência. Informe-se. Leia livros, artigos, veja documentários. Obter o maior número possível de informação (atualizadas e confiáveis), além de fazer você se sentir mais segura, seu adolescente levará mais a sério o que você falar, se você mostrar para ele que está bem-informada e que não está tirando as informações da sua cabeça.
2- Planeje discussões abertas e contínuas com seu filhos
Não pense em ter “a conversa” com os filhos – aquela única e constrangedora conversa sobre sexo. Quando você entra no quarto, fecha a porta e o filho, já desconfiado do que vai acontecer, tapa os ouvidos e tenta correr, mas você segue firme no propósito. Depois, sai do quarto se sentindo constrangida e aliviada ao mesmo tempo e nunca mais toca nesse assunto.
É impossível cobrir todas as coisas importantes em apenas uma conversa.
Aproveite situações comuns do dia a dia para deixar a conversa fluir, como notícias na TV, cenas de filmes e séries. Por exemplo: Você está assistindo uma série com sua filha e começa uma cena de sexo, ao invés de sair da sala, constrangida ou ao invés de tampar os olhos e ouvidos dos filhos, assista a cena até o final e depois faça comentários pertinentes, por exemplo:
“Eu tive a impressão de que o garoto forçou a barra para transar com a garota. Você teve a mesma impressão? Na sua opinião, ele agiu corretamente? Por quê? Por que você acha que a garota cedeu? Etc.”
Nesses momentos você tem a oportunidade de ter conversas muito mais leves, menos constrangedoras e muito, mas muito mais eficaz do que se tiver uma única conversa.
3- Forneça aos filhos informações específicas.
Prefira conversas específicas a conversas genéricas. Aproveite essas pequenas conversas mais descontraídas para falar sobre assuntos mais específicos. Em um momento, você aborda os perigos do sexo inseguro, como gravidez indesejada e infecções sexualmente transmissíveis; num outro, aproveite para falar sobre respeito nas relações. No exemplo acima, o assunto foi abuso e limites.
4- Antecipe os acontecimentos
Não espere até que seus filhos cheguem na puberdade para falar sobre menstruação e ejaculação com eles. Ao fazer isso você ajudará seus filhos a se sentirem menos ansiosos com todas as mudanças que estão acontecendo em seus corpos.
Não espere que seus filhos façam sexo para falar sobre isso com eles. Assim, eles se tornarão mais preparados para tomarem decisões mais conscientes, baseadas em seus valores e expectativas e menos baseadas na pressão dos parceiros e dos amigos.
5- Não faça palestras
O que seu adolescente menos quer ouvir é uma palestra longa e cansativa sobre sexo. Seja objetiva. Se precisar, ensaie antes uma forma de falar o que você quer, com menos palavras, de uma forma o mais breve possível. Faça perguntas, elas ajudarão seus filhos a refletir e chegar às próprias conclusões. Por exemplo:
- “O que você acha das pessoas que enviam nudes? Por que você acha que elas fazem isso?”
- “Maria sofreu assédio na academia: Um rapaz passou a mão em seu corpo. Ela começou a chorar e saiu correndo. O que você teria feito no lugar dela?”
- “Na sua opinião, o que é orgasmo?”
- “Você sabe o que é masturbação? Acha normal? Por quê?
6- Ensine-os sobre os perigos e as alegrias do sexo
Durante as conversas e, no dia a dia, com suas atitudes, procure mostrar aos filhos que sexo é bom, faz parte da vida, é natural e traz benefícios para a saúde.
Seus filhos precisam saber que o sexo, assim como qualquer outra coisa na vida, não tem apenas um lado bom. Há implicações físicas (ISTs e gravidez indesejada) e emocionais que precisam ser levadas em conta.
7- Esteja disponível para responder as dúvidas e preocupações dos filhos
À medida que os filhos vão se desenvolvendo e vivenciando a própria sexualidade, podem ir surgindo dúvidas e preocupações que eles vão querer compartilhar com alguém. Certifique-se de ser essa pessoa. Deixe claro, principalmente com suas atitudes, que seus filhos podem confiar em você para conversar sobre sexo e sexualidade.
Fique atenta a comentários como: “Meu amigo quer saber” ou “aconteceu com meu amigo”.
Muitas vezes, a dúvida é do próprio filho, mas ele não sabe muito bem como te dizer.
Um exemplo: “Mãe, minha amiga bebeu na festa e ficou com três garotos”.
Pode ser que tenha sido realmente uma amiga que ficou com 03 garotos na festa, mas é bem provável que tenha sido a sua filha e que ela esteja se sentindo culpada ou envergonhada e esteja desejando conversar a respeito. Se você disser: “Que garota irresponsável!” ou “Que garota promíscua!”, pode ser que sua filha se feche e não volte mais a falar com você sobre isso.
E você não quer que isso aconteça né? Aproveite a oportunidade para demonstrar compreensão e empatia e incentivar o diálogo:
“Sua amiga ficou com três garotos na festa? Como ela está se sentindo agora?”
E continue ouvindo e acolhendo os sentimentos da filha. Use bastante pergunta para incentivá-la a falar e a refletir sobre o próprio comportamento e os próprios sentimentos.
Concluindo
Seus filhos precisam obter o máximo de informação confiável sobre sexo antes de se tornarem sexualmente ativos. Eles merecem saber o que é sexo e sexualidade (colocar o link do outro post aqui). Conversar com seus filhos sobre relacionamentos e intimidades os ajudará muito a tomar decisões mais conscientes e responsáveis sobre sexo.
Sugestão de livro
Meu amigo quer saber tudo sobre sexo, de Laura Muller
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Um forte Abraço e até a próxima!